Renata Meira (org.) e estudantes de Artes Cênicas da Universidade de Évora. Espaço de socialização de atividades, referências e reflexões de disciplinas de estudos do corpo em cursos de Artes Cênicas no Ensino Superior. Em 2019 está sendo realizada a disciplina Teatro Físico na Universidade de Évora. Este blog divulga as atividades das disciplinas de corpo do Curso de Teatro do Instituto de Artes da Universidade Federal de Uberlândia desde 2007.
sábado, 17 de setembro de 2016
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Texto Final - Victor Marcitelli
UFU
– Universidade Federal de Uberlândia
Consciência Corporal I
Consciência Corporal I
O SILÊNCIO ANTES DA PALAVRA
Victor
Marcitelli
INTRODUÇÃO
Durante
a disciplina encontrei semelhanças entre os textos passados e o que estava
estudando paralelamente no grupo de pesquisa em máscara, coordenado pela
professora Vilma Campos.
Godard e Lecoq estudam a análise do movimento e do gesto, são dois pontos de vistas diferentes, um aprofunda na dança outro no teatro, embora usem termos diferentes vejo que os dois autores se complementam em suas definições, com olhares diferentes os dois tem objetivos em comum, tocar o público, investem em uma arte que acesse e transforme as pessoas, trabalham com um “olhar refinado” onde cada movimento é preenchido, com tônus e emoção. Do ponto de vista pedagógico senti que o processo de educação somática complementa e auxilia o trabalho com máscaras, principalmente com a máscara neutra, também relacionei as ideias da Bolsanello com a pedagogia do Lecoq.
Godard e Lecoq estudam a análise do movimento e do gesto, são dois pontos de vistas diferentes, um aprofunda na dança outro no teatro, embora usem termos diferentes vejo que os dois autores se complementam em suas definições, com olhares diferentes os dois tem objetivos em comum, tocar o público, investem em uma arte que acesse e transforme as pessoas, trabalham com um “olhar refinado” onde cada movimento é preenchido, com tônus e emoção. Do ponto de vista pedagógico senti que o processo de educação somática complementa e auxilia o trabalho com máscaras, principalmente com a máscara neutra, também relacionei as ideias da Bolsanello com a pedagogia do Lecoq.
EDUCAÇÃO
SOMÁTICA E MÁSCARA NEUTRA
Bolsanello
escreve as características recorrentes no método de Educação Somática, elegi algumas
para relacionar com outros textos:
“1.
A diminuição do ritmo: O professor propõe que o aluno faça os
movimentos de forma mais lenta do que habitualmente ele faz a fim que possa
perceber as estruturas músculo-esqueléticas implicadas quando executa o
movimento”. É o primeiro passo de uma tomada de consciência de como se executar
um movimento de maneira justa.
2.
A respiração como suporte do movimento: O professor não dita um ritmo respiratório
para a execução do movimento, mas pede ao aluno que use seu próprio ritmo
respiratório como suporte do movimento. (...)
4.
A auto-pesquisa do movimento: As comandas não dirigem o
aluno à mera execução de uma sequência de movimentos, nem a um aperfeiçoamento
dessa seqüência. Trata-se de incitar o aluno a explorar, através do movimento,
conexões entre partes do corpo aparentemente desconexas. (...)
6.
A busca do esforço justo: O professor pede ao aluno que procure o
tônus ótimo para realização do movimento proposto a fim de que o aluno comece a
distinguir as variações de seu tônus e comece a integrar a capacidade a regular
seu tônus de acordo com a situação e com o objetivo da tarefa a ser feita.”
(2011: 308) “
A cerca da máscara neutra
Lecoq explica:
“A máscara neutra é um objeto particular. É um rosto, dito neutro, em equilíbrio, que propõe a sensação física da calma. Esse objeto colocado no rosto deve servir para que se sinta o estado de neutralidade que precede a ação, um estado de receptividade ao que nos cerca, sem conflito interior. (...) Quando o aluno sentir esse estado neutro do início, seu corpo estará disponível, como uma página em branco, na qual poderá inscrever-se na “escrita” do drama.(...) A máscara neutra, está em estado de equilíbrio, de economia de movimentos. Movimenta-se na medida justa, na economia de gestos e de ações.”(2010: 69)
“A máscara neutra é um objeto particular. É um rosto, dito neutro, em equilíbrio, que propõe a sensação física da calma. Esse objeto colocado no rosto deve servir para que se sinta o estado de neutralidade que precede a ação, um estado de receptividade ao que nos cerca, sem conflito interior. (...) Quando o aluno sentir esse estado neutro do início, seu corpo estará disponível, como uma página em branco, na qual poderá inscrever-se na “escrita” do drama.(...) A máscara neutra, está em estado de equilíbrio, de economia de movimentos. Movimenta-se na medida justa, na economia de gestos e de ações.”(2010: 69)
Jacques Lecoq e máscara neutra feita por
Amleto Sartori.
O
“esforço justo” que Bolsanello cita é muito parecido com a “economia de
movimento” do Lecoq, assim como a diminuição do ritmo e o suporte da respiração
podem colaborar para encontrar o estado de calma da máscara neutra, por fim, a
auto-pesquisa é o que dá base para o teatro físico.
Outra coisa em comum entre esses processos é que ambos são métodos de base para o artista, tanto a educação somática quanto a máscara neutra são apresentados aos alunos no começo dos estudos, são de suma importância para tirar os alunos do cotidiano, somente saindo do campo cotidiano é que conseguimos transpor os movimentos, é aí que a poesia surge, que a pesquisa ganha força.
Outra coisa em comum entre esses processos é que ambos são métodos de base para o artista, tanto a educação somática quanto a máscara neutra são apresentados aos alunos no começo dos estudos, são de suma importância para tirar os alunos do cotidiano, somente saindo do campo cotidiano é que conseguimos transpor os movimentos, é aí que a poesia surge, que a pesquisa ganha força.
Geralmente
os atores que ingressam na escola do Lecoq vêm de outros países e já chegam com
uma experiência em teatro, ele diz:
“Temos de retirar um pouco daquilo que sabem, não para simplesmente eliminar o que sabem, mas para criar uma página em branco, disponível para receber os acontecimentos externos.” (2010: 57).
“Temos de retirar um pouco daquilo que sabem, não para simplesmente eliminar o que sabem, mas para criar uma página em branco, disponível para receber os acontecimentos externos.” (2010: 57).
Está “página em branco” é onde quero chegar com a educação somática, um corpo em pesquisa, disponível para receber o jogo teatral.
“A máscara é a mais extraordinária
experiência de liberação que se pode imaginar. (...) O despertar da consciência
do próprio corpo é imediato e inevitável.”
Peter Brook
Peter Brook
FUNDO
POÉTICO
Godard conceitua o pré-movimento, que somente o acesso ao imaginário permite tocar, isto é: “essa atitude em relação ao peso, à gravidade, que existe antes mesmo de se iniciar o movimento, pelo simples fato de estarmos em pé. Esse pré-movimento vai produzir a carga expressiva do movimento que iremos executar (...). É ele que determina o estado de tensão do corpo e que define a qualidade e a cor específica de cada gesto. O pré-movimento age sobre a organização gravitacional, isto é, sobre a forma como o sujeito organiza sua postura para ficar em pé e responder à lei da gravidade, nessa posição [...]. São ainda esses músculos que registram as mudanças em nossos estados afetivo e emocional. Assim toda modificação de nossa postura terá uma incidência em nosso estado emocional e, reciprocamente, toda mudança afetiva provocará uma modificação, mesmo que imperceptível, em nossa postura” (2002: 14).
Godard e Lecoq abordam o estudo do gesto, mas de pontos de vista diferentes, os dois tem o mesmo objetivo, mas chegam nele por vias distintas, Godard tem uma abordagem mais anatômica do corpo quando fala do pré-movimento, e Lecoq traz uma apropriação cultural, ele explica que o fundo poético comum trata-se de:
“Uma dimensão abstrata, feita de espaços, de luzes, de cores, de matérias, de sons, que se encontram em cada um de nós. Esses elementos estão depositados em nós, a partir de nossas diversas experiências, de nossas sensações, de tudo aquilo que vimos, escutamos, tocamos, apreciamos. Tudo isso fica em nosso corpo e constitui o fundo comum a partir do qual surgirão impulsos, desejos de criação”(2010: 82).
Eu me pergunto: qual será a relação do pré-movimento com o fundo poético comum?
Sobre
os dançarinos de Cunningham, Godard disserta:
“O dançarino sabe que deve desenhar a forma sem ruído, para não imprimir alteração nessa construção. Ele não está lá para se ser visto, mas para permitir o surgimento do signo procurado ou provocado pelo acaso. Podemos considerar a atitude postural e o pré- movimento, que antecipam inevitavelmente o gesto, como um plano de fundo sobre o qual se desenha o movimento aparente: a figura.(...) A ausência de modificação perceptível antecipando o movimento permite que vejamos não mais o indivíduo que dança, mas a figura que é desenhada. O distanciamento entre a emoção do dançarino e aquilo que ele produz ocorrerá, em seguida, no espectador: entre a figura observada e sua própria emoção” (2002: 27).
“O dançarino sabe que deve desenhar a forma sem ruído, para não imprimir alteração nessa construção. Ele não está lá para se ser visto, mas para permitir o surgimento do signo procurado ou provocado pelo acaso. Podemos considerar a atitude postural e o pré- movimento, que antecipam inevitavelmente o gesto, como um plano de fundo sobre o qual se desenha o movimento aparente: a figura.(...) A ausência de modificação perceptível antecipando o movimento permite que vejamos não mais o indivíduo que dança, mas a figura que é desenhada. O distanciamento entre a emoção do dançarino e aquilo que ele produz ocorrerá, em seguida, no espectador: entre a figura observada e sua própria emoção” (2002: 27).
O
termo emoção significa etimologicamente: “pôr em movimento”. O conceito do
Plano de fundo que Godard traz é muito parecido com o fundo poético comum do
Lecoq, uma atmosfera é instaurada e não vemos mais o ator em cena, vemos um
corpo que conta uma história, e a emoção chega ao público, porque ele se reconhece em cena, essa identificação faz
com que deixemos de lado o ego do ator e a obra se abre para a plateia, é aí
que o teatro acontece.
foto: Marvin Silver/Cunningham Dance
Foundation
Godard
ainda cita a pesquisa de Trisha Brown:
“Trisha Brown esconde também os signos produzidos pela face, sendo o rosto um dos raros lugares do corpo onde se inscreve uma retórica imediatamente legível. Escondendo seu rosto, ela priva o público de signos de afeto, proíbe qualquer interpretação intempestiva de sua dança e impõe a visão do fundo. (...) Trisha Brown considera que o dançarino deve se deixar tocar por seu próprio gesto, tocando assim o espectador. Considera também que a presença do espectador e do meio podem influenciar e modificar a representação. A partir daí, dançarino e espectador embarcam na direção da terra incognita de espaços sensíveis a serem descobertos”(2002: 28).
“Trisha Brown esconde também os signos produzidos pela face, sendo o rosto um dos raros lugares do corpo onde se inscreve uma retórica imediatamente legível. Escondendo seu rosto, ela priva o público de signos de afeto, proíbe qualquer interpretação intempestiva de sua dança e impõe a visão do fundo. (...) Trisha Brown considera que o dançarino deve se deixar tocar por seu próprio gesto, tocando assim o espectador. Considera também que a presença do espectador e do meio podem influenciar e modificar a representação. A partir daí, dançarino e espectador embarcam na direção da terra incognita de espaços sensíveis a serem descobertos”(2002: 28).
Trisha Brown em seu solo If you couldn’t see me, de 1994.
Integralmente dançado de costas.
Ao esconder o rosto em sua dança, Trisha Brown busca o mesmo que o Lecoq com a máscara neutra, uma representação que não se resuma a expressões faciais, um corpo que fala, a instauração de um espaço sensível, o silêncio antes da palavra.
Lecoq
encerra o capítulo sobre o fundo poético da seguinte maneira:
“Quando o ator levanta um braço, o público tem de receber um ritmo, um som, uma luz, uma cor. A dificuldade pedagógica é a de ter o olhar suficientemente treinado para discernir, entre diferentes gestos propostos, qual expõe o gesto explicativo, o formal, ou o poético justo. Pouco a pouco, os alunos chegam a ter um olhar sutil sobre as nuances dos gestos. Na realidade, o público deveria ter esse mesmo olhar... então descobriria riquezas desconhecidas. Mas o comum é oferecer-lhe tamanha quantidade de banalidades, que isso se torna praticamente impossível. A formação do olhar é tão importante quanto a formação da criatividade. De nada serve oferecer um bom vinho àqueles que não podem apreciá-lo! É o que chamo de cultura: poder realmente apreciar as coisas.”
“Quando o ator levanta um braço, o público tem de receber um ritmo, um som, uma luz, uma cor. A dificuldade pedagógica é a de ter o olhar suficientemente treinado para discernir, entre diferentes gestos propostos, qual expõe o gesto explicativo, o formal, ou o poético justo. Pouco a pouco, os alunos chegam a ter um olhar sutil sobre as nuances dos gestos. Na realidade, o público deveria ter esse mesmo olhar... então descobriria riquezas desconhecidas. Mas o comum é oferecer-lhe tamanha quantidade de banalidades, que isso se torna praticamente impossível. A formação do olhar é tão importante quanto a formação da criatividade. De nada serve oferecer um bom vinho àqueles que não podem apreciá-lo! É o que chamo de cultura: poder realmente apreciar as coisas.”
Embora sua definição de cultura seja bem
específica do lugar de onde ele nasceu, acho importante este estudo do olhar
para o artista, principalmente do olhar interno que a educação somática propõe,
são coisas para se pensar antes de entrar em cena e quando falamos de formação
de ator e público.
“O meu pensamento modela os gestos assim
como o polegar do escultor modela as formas: o corpo, esculpido do interior,
distende-se e eu sou ao mesmo tempo escultor e estátua.”
Etienne Decroux
Etienne Decroux
BIBLIOGRAFIA
BOLSANELLO,
Débora Pereira. A Educação Somática e os conceitos de descondicionamento
gestual, autenticidade somática e tecnologia interna. Motrivivência, ano
XXIII, n. 36, p. 306-322, 2011.
GODART, Hubert.
Gesto e percepção. In: Lições de Dança, 3. Rio de Janeiro:
UniverCidade Editora, 2002.
PRECIOSA, Rosane
Sequeira. Rumores discretos da subjetividade, Disponível em: http://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/rumoresdiscretosdasubjetividadepreciosatese.pdf.
Acesso em: 11 dez. 2015.
LECOQ, Jacques.
O Corpo Poético Uma pedagogia da criação teatral. – são Paulo : Editora Senac
São Paulo: edições SESC SP, 2010.
Museu
Internacional da Máscara: a arte mágica de amleto e Donato Sartori / curadoria
de Carmelo Alberti e Paola Piizzi; tradução de Maria de Lourdes Rabetti. – São
Paulo: É Realizações, 2013.
Foto 1 Site do Ricardo Napoleão, Disponível em: <http://ricardonapoleao.com.br/index.php/o-jogo-das-mascaras-1-e-2/>
Acesso em 15 dez. 2015-12-15
Foto 2 Site do The New York Times, Disponível em: < http://www.nytimes.com/slideshow/2009/07/27/arts/20090727_CUNNINGHAM_SLIDESHOW_7.html?_r=0>
Acesso em 16 dez. 2015-12-15
Foto 3 informações sobre trisha brown, Disponível em: < http://www.walkerart.org/collections/publications/performativity/drawings-of-trisha-brown/>
Acesso em 18 dez. 2015-12-15
sábado, 13 de fevereiro de 2016
Trabalho Final - Alisson Leal
Consciência
Corporal – Teatro UFU
Trabalho
final do semestre de Consciência Corporal, aqui estarei relatando o meu
processo, as minhas dificuldades, as minhas vitórias, o meu progresso durante
esse período. Uma frase da Rosane Preciosa que resume sobre o assunto “Ao sabor das experimentações com que ela me
acenava, me espantei ao me ver forçada a explorar estados inéditos de mim mesma
(...)”.
Primeiro
dia de aula, cheguei “armado”, retraído, em um lugar novo, lotados de pessoas
estranhas em um curso que eu não tinha muita experiência na área (ainda não
tenho) e principalmente em uma aula que envolve o corpo, o meu corpo, o corpo
que eu não gosto, um corpo maltratado, sofrido, irregular em todos os sentidos,
cheio de cicatrizes. Como posso fazer essa aula? Ninguém podia ver o meu corpo,
não como ele é, tenho que o esconder atrás de tecidos, atrás da minha timidez,
atrás da minha armadura, no canto da sala sem chamar atenção, escolhi não
arriscar, escolhi a minha zona de conforto onde repetia (repetidamente) os
mesmos movimentos, movimentos simples e sem criatividade.
“Temos aprendido a frear
a perplexidade diante das coisas, despistar os estranhamentos. Evitamos
qualquer situação que nos arranque desse lugar estável no mundo que acreditamos
possuir. Sequer chegamos à beira de nossos abismos para dar uma simples
espiadinha, para pesquisar o medo. Sufocamos nossa intuição, nossa zona de
invenção, porque talvez seja arriscado demais lhe dar algum crédito, pode nos
arremessar num beco sem saída, que nos force a abrir uma clareira em nós”.
(Rosane Preciosa)
Aula
de percepção e conhecimento do corpo. O seu andar, como que ele é? A sua coluna
é alinhada? A sua cabeça chega primeiro que o seu corpo? E o seu quadril é
alinhado com a coluna? Fiz essa avaliação sobre mim, sobre esse corpo
imperfeito, falei o que era particular, me expus para aqueles olhares a minha
volta, não tive coragem de ver as expressões dos rostos daquela multidão (sim,
não era muitos, mas naquele momento parecia que todos os 7 bilhões de pessoas
no mundo estava lá me olhando, me julgando), o que aqueles olhares queria
dizer? Eu sei que tenho defeitos, a minha postura não era tão certa, mas
conseguia colocar em eixo a cabeça com a coluna e o quadril (essa foi por
pouco), afastei os holofotes de mim, não chamei atenção. Ótimo!
Os exercícios chegaram ao longo desse processo,
as bolinhas, os bastões, as bolas maiores, eles me ajudaram muito no meu
desenvolvimento e no descondicionamento corporal, eu não dava importância para
a minha postura quando sentava, sempre era a coluna “torta”, aprendi com os exercícios
sentar corretamente nos ísquios com a coluna “reta”, a respiração foi um grande
progresso, foi ela que me ajudou a finalizar os exercícios e diminuir as dores
provocadas pela as mesmas. A cada aula sentia-me um novo Ser, com uma coluna nova, um corpo novo e aos poucos vir aquela
timidez indo embora.
“Dele havia se apoderado
uma luz diferente, singular, que funcionara como uma espécie de chamado. A
intensidade do raio nele experimentada, abrira uma fissura em seu cotidiano,
desarticulando seus padrões rotineiros. O raio anunciara uma forma de acesso
mais rara à sua sensibilidade, tão atordoante quanto ameaçadora”. (Rosane
Preciosa)
Aula de enraizamento, sentir os pés no chão, sentir
os ossos dos dedos dos pés, entender os apoios. Ai! Uma dor. Que dor é essa? Será
que sempre esteve ali e eu nunca tinha percebido antes? Com as bolinhas massageando
os pés pude aliviar essa dor.
“Encarnar conhecimento do
próprio corpo”.
“Tal orientação somática
caracteriza-se por uma abordagem que convida o intérprete criador à
investigação consciente de sua interioridade, lugar no qual a subjetividade
está encarnada na fisicalidade”. (Ana Terra)
Na
segunda parte da aula, comandos vindos da mestra (que sabe o que faz) da
profissional excelente (Renata Meira) que dita os comandos a ser executado com
perfeição. Mas o que seria a perfeição? Ato sem erro? Isso é possível? Qual Ser Humano é perfeito? Essa perfeição
seria até onde você consegue ir, onde é seu limite e até mesmo ultrapassá-lo.
Não estou aqui para dizer que a Renata exigia a perfeição do sentindo literário da palavra, mas sim no sentindo
de conhecer o seu corpo que habita e explora-lo.
Eu
não consigo, não consigo a perfeição, vejo ao meu redor Seres fluindo, leves como uma pluma, fazendo movimentos a partir de
comandos, ouço uma música. De onde vens? O que a música que dizer? Que ritmo é
esse? E mil pensamentos ecoam na minha
cabeça, a minha razão não deixava o meu corpo ir, para ser livre como os
outros da sala, eu desejo isso, desejo fluir como águas dos rios, dos mares e
das cachoeiras, deixar o vento me guiar a caminhos
sem rumos que levam a lugares específicos, era um desejo incontrolável. Por
que não posso? Qual a razão mesmo? Aaah sim, o meu corpo, esse corpo que não
tinha esperança de dar frutos com movimentos graciosos. Mas como não? Ele só
conhecia a dor! A dor de ser rasgado de fora para dentro, dentro para fora. Corpo
conhecedor do abuso e dos toques indesejáveis, conhecedor da brutalidade dos Seres Humanos. Não, não dos Seres Humanos e sim dos monstros
disfarçados de um Ser que tem alma,
de um animal que pensa e age, mas por instinto esquece que a sua ação tem uma
grande reação, animais nojentos que passa a suas mãos em um Ser puro e o contamina com seu mal. Não
pode ser, eles conseguiram acabar com a minha inocência, de um mundo belo, com
pessoas belas, em mim só restou as desconfianças e o medo. Cheguei a diminuir
os meus passos, diminuir o meu ritmo, os meus movimentos, até chegar no zero. Voltei
para o meu casulo, onde a minha timidez era a minha armadura. Não podia demonstrar
o quão frágil que era, o quão frágil que sou.
“Os modos de vida
inspiram maneiras de pensar, os modos de pensar criam maneiras de viver”.
(Gilles Deleuze, Nietzsche)
“A única maneira de teres
sensações novas é construíres-te uma alma nova. Baldado esforço o teu se queres
sentir outras coisas sem sentires de outra maneira e sentires de outra maneira
sem mudares de alma. Porque as coisas são como nós as sentimos – há quanto
tempo sabes tu isto sem os saberes? – E o único modo de haver coisas novas, de
sentir coisas novas é haver novidade no senti-las. Muda de alma. Como?
Descobre-o tu. (...)” (Fernando
Pessoa)
Passei
o resto da semana mal, não estava entendo por que me sentia como lixo, como o nada. Um vazio se abriu em mim, um
buraco negro instalou-se nos meus sentimentos (sugador de esperança). Seu
medíocre! Você é um fracassado, não tem coragem de se olhar no espelho pra si
ver. Espelho que mostra imperfeições, que mostra o meu interior. Como é podre o
que vejo, o que sou. Aquelas cicatrizes amostra do tamanho de um elefante. Por
que espelho? Por que fazes isso comigo? Lugar de imperfeitos não é na frente do
espelho, e sim, atrás dele. Quando estou na frente dele não consigo olhar por
muito tempo por isso pego os meus panos e tecidos e me visto, encaro melhor,
mas ainda não consigo continuar olhando por muito tempo, então pego a minha
máscara e a coloco. Por fim saio da frente do espelho orgulhoso do que vejo,
encaro tudo e todos acreditando que essa “perfeição” sou eu. Por baixo de tudo
isso só tem os cacos de um Ser que um
dia já foi humano, que respirava e
vivia com os outros Seres. Agora só sobrou
escuridão nesse Ser, que um dia nascestes
na luz.
“Impetuoso
experimento de inadequações. Aprende-se a cultivar relâmpagos em si, que
deixam, desses encontros, marcas devastadoras.
Anunciam desterros e
nascimentos. Transmitem uma arte: a de se viver chamuscado. ” (Rosane Preciosa)
“Preciso me controlar, conter
essa perturbação toda, disfarçar minha vulnerabilidade. ” (Rosane Preciosa)
Mais
um dia de aula. Sair de casa “armado” como sempre disposto a destruir qualquer
um que entrasse no meu caminho. Tivemos um alongamento e aquecimento livre,
cada um fazendo o seu e eu perdido como sempre. Como um ator não sabe se
alongar e se aquecer? Vergonha da sociedade e do meio artístico. O que fazes tu
aqui mesmo? O que querem aqui? Não basta conhecer o seu corpo, ainda o ignora?
Não sabes que ele tem voz? Então, por que não a ouve?
Continuamos
com o enraizamento dos pés, atento aos comandos ditos pela a orientadora Renata
Meira (Desde a gênese do processo, ela que fazia as provocações que me levava a
lugares desconhecidos do meu corpo e graças a ela aceito como sou, um ser
imperfeito que faz gestos incomuns, que tem uma carreira bela pela frente e um
futuro a ser descoberto), ela falava palavras que mexia com o meu imaginário,
mas ainda não conseguia me soltar, a minha razão não aceita esses meus
pensamentos.
O que é isso? Música? Esse som que
invadem os meus ouvidos é música? Sim, com certeza isso é música! De onde vens?
Para onde vais? Que ritmo é esse que leva o meu corpo a imaginar formas, que
chega a pensar em um breve momento em se libertar desses panos que o envolve, em
tirar essa máscara que o sufoca cada vez mais, levando-o para o mais profundo
abismo.
“Desembaraçar-se
de uma lógica enunciadora de verdades e fixação de identidades, que nos
asseguram do que é certo, do juízo correto a fazer, da boa atitude a tomar. O conhecimento
sufoca num cubículo desses para de funcionar se o que dele se requisita é
apenas um esquemático jogo de interpretações venturosas, inequívocas,
modelares. Afinal, nessa engrenagem, tudo existe para ser autopsiado,
explicado. Isolam-se as partes imperfeitas, frágeis, paradoxais, desordenadas,
ambíguas, tudo que de residual o pensamento arrasta. Vinga a lógica do pensar
viver evitando complicações e estragos. ” (Rosane Preciosa)
“E
como é que se desprograma um circuito obsessivo? ” (Rosane Preciosa)
Comandos
foram introduzidos ao som da música e do ritmo frenético, pude ver os meus
colegas em volta fazendo movimentos repetitivos e novos, criando uma sinfonia
com o corpo e a mente. Travei com todo o peso que levava com a máscara e com os
tecidos, e vir que aquilo não era para um Ser
que já conheceu a morte de perto, onde abitava só escuridão. Respiração forte,
o nervosismo estabeleceu, não quis me soltar, me sentir preso em corretes
fortes e pesadas que me levaram para o chão.
“Duas
forças opostas geram um conflito, que gera movimento. Este, ao surgir, se
sustenta, reflete e projeta sua intenção para o exterior no espaço. No corpo
este fenômeno se inicia no momento em que descubro a importância do solo e a
ele me entrego e respeito[...]. A medida que vou sentindo o solo, empurrando o
chão, abro espaço para minhas projeções internas, individuais, que, à medida
que se expandem, me obrigam a uma projeção para o exterior. ” (VIANNA, 1990:78)
A
luz se foi em um milésimo de segundo, em um piscar de olhos, já não via muito
bem, na escuridão via formatos de sombras e vultos ao meu redor em movimentos
no chão, no ar, via eles voando, arrastando, viajando a um lugar inexistente
que o seu corpo sentia e eu percebia a brisa passando no corpo deles, levando os
seus cabelos, levando o seu Ser. Como
se as paredes não existissem, como se a própria liberdade estivesse inclinada
para o Ser que a implorava ajuda e a
liberdade segurando as mãos dos seus e os levandos para um devir sem fim.
No chão fiquei, conectei a ele e ele
a mim, éramos um só. Mas o comando era claro como a luz do dia “O Chão é passageiro, ele só te dar o apoio”,
então como barro nas mãos do oleiro comecei a ganhar forma. Um corpo, um Ser livre de novo, tentei sair do chão,
mas o chão era como um imã que me atraia de volta para ele, ele tinha uma inimaginavelmente
força que eu não conseguia lutar contra ele e acabava perdendo, voltando para
aquele barro sem forma, sendo parte do chão e novamente ganhei outra forma. Um
novo corpo, não um corpo humano, mas
sim, de um corpo animal forte que possa pelo menos ter uma mínima chance para
lutar contra essa força maior que era o chão, voltei a me desgrudar do chão. Primeiro
o tronco do corpo do animal, o segundo a cabeça, o terceiro os braços e por
último as pernas. Fui levantando até ficar de pé e tomei a forma desse animal,
o seu estilo de viver, de caçar, de ser livre. Todos os panos que me escondia
ficou perdido no chão junto com a máscara. Desse corpo voltei ao do Ser Humano, para minha forma e vir me no
espelho, naquele maldito espelho que mostrava o que eu era, o que eu sou por
dentro e por fora. Não aguentava mais aquele espelho e então fiz igual a
rebelião do povo do espelho do texto da Preciosa, me libertei quebrando o
mesmo. Senti a brisa na minha volta, a liberdade
segurando as minhas mãos e fui, fui levado a zonas desconhecidas do meu corpo e
da minha imaginação.
“Inventar
é movimentar-se no território radical do inesperado, que nos desarticula
completamente. E a própria figura humana experimenta um inevitável colapso,
isso porque aquela subjetividade foi desacomodada daquele lugar que costumava
habitar. Liberaram-se potências desconhecidas que lhe exigem outras referências
sígnicas, outra geografia de sentidos por onde transitar. O inventor é um
cartógrafo de terras ignotas. ” (Rosane Preciosa)
“Um
corpo que não só trai, mas rouba, aspirador de ideias que estão por toda a
parte. ” (Rosane
Preciosa)
Eu
já não era mais eu, fui levado além
de tudo que já imaginei existir, um mundo novo, com um ar novo, não existia
gravidade, a lei da física não existia nesse lugar. Você podia ser o que
quisesse ser, o meu corpo involuntariamente começou a fazer movimentos antes
mesmo de passar na minha razão, na verdade esse lugar onde a liberdade me levou
não tinha lugar para a razão. Ideias em todas as partes sugiram e meu corpo trai,
rouba essas ideias e com isso construía os mais belos movimentos, eu já não
tinha mais controle sobre meu corpo rebelde, já não estava mais na minha zona
de conforto.
A
escuridão que habitava em mim, se misturaram com a escuridão do local e pude
perceber que eu e esse corpo conhecedor do mal podia criar coisas tão belas,
risos começaram a surgir. Mãos e pés eram apoios, hora com um apoio só outrora
com dois ou mais apoios. “Além de trair e
roubar, ele monta a coreografia de sua traição. Embarca numa excursão sem
sujeito.” (Rosane Preciosa) Respirei fundo, experimentei esse novo ar,
senti líquidos vazarem do meu corpo (suor), estava lá 100% eu, mas não estava só, pude perceber os olhares se voltando para
mim, vir me no centro daquela sala, montando coreografia com o ritmo da música
e disse para mim mesmo “chegou a sua vez, mostre o que sempre esteve dentro de
você, traz ele à tona para fora desse seu corpo que não tem mais vergonha” e
dancei com a liberdade, peguei a dama para o primeiro passo e ela me guiou. Cheguei
na minha exaustão, mas não conseguia parar, eu não queria parar. O fim não
existia. Mas e o limite do corpo? Já não existia mais limite, tudo era para
sempre.
Encontrei
com outro Ser que tinha um encontro
marcado com a liberdade e dei uma amostra gratuita do que ela tinha ensinado. Os
nossos corpos se encontraram e desencontraram, os nossos apoios era um só,
nossos Seres se juntaram e montaram a
mais bela coreografia, ela era como o chão que me atraia para criamos a nossa
própria existência.
A
árvore da vida é uma árvore que não tem tronco, não tem galhos, nem folhas e muito
menos frutos, ela só tem caminhos a serem escolhidos e tomados. As marcas que
deixam é pra lembrar que somos todos mortais, você vai sofrer, chegar no fundo
do poço para reconhecer a felicidade quando ela chegar. Mas para isso você tem
que dá o primeiro passo para a liberdade, quebre esse espelho que te impede de
prosseguir, que não deixa encontrar o seu caminho nessa grande árvore que é a vida,
diga não aos que te oprime, liga o seu foda-se para o mundo e se liberte, permita-se,
seja livre, conheça o seu corpo, conheça o seu Ser, te conheça.
Sou
mais feliz assim, sem espelhos, sem medos, me arriscando em caminhos
desconhecidos, explorando o meu corpo, encontrando lugares novos. Descobrir o
quanto que meu corpo é flexível, o quanto que ele é mutável. Faça a sua
análise, lhe convindo a beber na taça da vida e aceitá-la o que ela lhe propor,
só cabe a você transformar as suas experiências ruins em sua expressão corporal
e jogar neste mundo a mais bela arte.
Bibliografia
A educação somática e
os conceitos de descondicionamento gestual, autenticidade somática e
tecnologia interna, escrito por Débora Pereira Bolsanelo,
Motrivivência,
Ano XXIII, Nº 36, P. 306-322, Jun./2011.
Rumores Discretos da
Subjetividade, escrito
por Rosane Preciosa, Editora Sulina, Ano 2010. Capítulos:
-No que você pensava enquanto
escrevia o texto?
-Estimulações
-Devolvendo o corpo ao corpo
-Eu vou lhe contar um segredo
-Estilo, estilo meu...
-Um pequeno desvio
-Eu não sou criativo
-"O hábito anestesia"
-Alguém me responda por favor:
quando é que uma experiência acaba?
Klauss Vianna e a expressividade
como devir dramatúrgico da dança, escrito por Ana Terra, Universidade Anhembi Morumbi, 2008.
Livro do Desassossego por
Bernardo Soares. Vol.II.
Fernando Pessoa. (Recolha e transcrição dos textos de Maria Aliete Galhoz e
Teresa Sobral Cunha. Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.)
Lisboa: Ática, 1982.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Texto Final - Júlia Leão
Como já foi liberado pela Professora Renata, vou postar aqui o texto que finalizou meu semestre. Tirei base todos os textos lidos e todas as experiencias já vividas! Saudades de todossssssss!
Inté!!!!!
Inté!!!!!
“O
aprendizado é experiência e sensação. A sensação constitui a base a partir da
qual se desenvolvem conceitos e ideias.” (HANNAFORD, 1995, p.48).
É
com um esse trecho presente no texto Educação
somática: o corpo enquanto experiência de Débora Bolsanello que começo esse
relato sobre meu processo, minha experiência e sensações proporcionados pela disciplina
de consciência corporal e por mim mesma... Iniciando pelo meu começo.
Eu
sempre fui muito ansiosa, desde criança não conseguia me controlar, muitas vezes
não conseguia esperar uma surpresa e nunca consegui esperar até o dia 25 para
abrir meu presente de natal. Então, meus pais não ficaram muito surpresos
quando eu finalmente passei no vestibular e decidi entrar na universidade no
meio do terceiro ano do colegial. Foi bem difícil continuar na escola já no
curso de Teatro, mas as aulas de consciência corporal fizeram muita coisa fazer
a pena, e me fez ver a mim mesma de um jeito completamente diferente de como eu
tinha aprendido na escola; um corpo que continha ossos, tecido, músculos e de
papel, que só servia para ser desgastado. E a ansiedade de sempre, presente em
mim, ainda ficava me rodeando em todas as aulas, em alguns momentos era como se
um montasse em cima dela como aqueles touros mecânicos em uma festa junina, era
difícil voltar para o ponto de começo e colocar meu eixo e meus pensamentos no
lugar, tentar esquecer o que tinha pra fazer ou resolver lá fora. Eu digo, lá
fora mesmo, tudo que se passava dentro de mim era particularmente mais
importante naquele momento, quando eu fechava os olhos e me concentrava em mim
mesma, eu me organizava e tentava passar para o espaço tudo que era do meu
corpo (KLAUSS VIANNA), meus pensamentos e expressões em forma de movimentos e
partituras. E nesse semestre consegui dar uma acalmada em mim mesma, com ajuda
da educação somática, pois a partir dela eu conheci a Respiração como suporte do movimento (BOLSANELLO, A educação
somática e os conceitos de descondicionamento gestual, autenticidade somática e
tecnologia interna, 2011, pg. 308), coisa que me impressionou bastante durante
meu processo.
Pode
parecer estranho (e é), mas antes de consciência corporal eu não pensava muito
sobre a respiração em si, algo que todos nós sempre fizemos e sempre foi automático,
nunca precisei parar para respirar, ou pensar em respirar, mas hoje a
respiração se tornou minha maior aliada. Em aula sempre procurei usar minha
respiração para ficar mais confortável com tudo, principalmente em alguns
alongamentos, alguns exercícios que eu me limitava, ia até o meu limite,
respirava um pouco e conseguia ir um pouco mais, e no final percebi que superei
algumas dessas ‘limitações’ que eu me coloquei, usando a respiração como
suporte de movimentos (DÉBORA BOLSANELLO, 2011, pg 308). Encontrei no meu Caderno do Eu uma frase que acho
relevante: Tenho impressão que um ‘papel
filme’ divide e reveste toda a parte de cima do meu tórax; fora da minha
imaginação isso se chama ‘diafragma’, tentei reproduzir o que eu imagino, e pra
mim, é isso que acontece dentro de mim na inspiração e expiração. Consegui
‘linkar’ consciência corporal com consciência vocal, o que não é muito difícil,
por que as duas disciplinas exigem muito da respiração e da percepção ao
respirar. Acredito que meu próprio tempo de respiração seja muito importante
nesses momentos de alongamento, e também de improvisações.
Como
eu disse mais acima, foi um máximo aprender sobre o corpo sem estar sentada em
uma cadeira e pegando um esqueleto de papel. Lembro-me que em alguma das aulas,
a professora Renata Meira pediu que nós desenhássemos como nos víamos nosso
esqueleto, fiz um desenho meio desajeitado, e também escrevi no mesmo dia, uma
reflexão sobre a aula para o Caderno do
Eu, que falei sobre meu incomodo ao tentar sentar com a coluna reta e os
prazeres ao alongar minha nuca e meu pé, parte do corpo que era pouco
sensibilizada até então.
FOTO
Durante
o processo foram usados alguns objetos para a sensibilização do corpo,
bolinhas, bastões e balões d’água. Usamos as bolinhas para sensibilizar mais a
parte das costas e pés, os bastões a parte dos ísquios e púbis e os balões d’água
sensibilizaram toda a pele, eu sinto que nunca vou me cansar das bolinhas, já
comprei as minhas. O bastão foi ótimo para minha percepção dos
ísquios, agora quando sento, procuro sentir os ísquios todas as vezes que sento
e então isso organiza minha coluna e puxa meu eixo pra cima.
Em todas as aulas fazíamos improvisações em
algum momento, a professora Renata Meira sempre conduzia, fazendo fluir uma
imaginação na minha mente, usando o método
de perguntas ao corpo e criando um
caminho (KLAUSS VIANNA), como diz Ana Maria Rodriguez, esse método
consistia em levantar questões visando à observação e a escuta. Usei tudo isso
na minha cena final, na qual reproduzi imagens de partes internas e externas do
corpo humano, na sonoridade um som de respiração e um coração batendo forte,
pois nas aulas os dois ‘andavam’ juntos pra mim. E ouvindo os batimentos do meu
coração eu conseguia acalmar minha respiração, e me ajustar novamente aos
movimentos. E sempre assim eu achava um Golden
Ticket para dentro de mim sem previsão de volta.
Referências:
COSTAS, Ana Maria Rodriguez. Klauss Vianna e a expressividade como devir dramatúrgico da dança
BOLSANELLO, Débora Pereira. A educação somática e os conceitos de descondicionamento gestual
autenticidade somática e tecnologia interna
BOLSANELLO, Débora Pereira. Educação somática: o corpo enquanto experiência
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
Olá!
Venho aqui para manifestar um interesse não só meu, mas também de outros alunos que cursaram essa disciplina no segundo semestre de 2015: o de compartilhar nesse blog os trabalhos finais escritos. Acreditamos, que como vimos a apresentação final de cada um das turmas, poderíamos ter uma melhor compreensão desse trabalho prático, assim como do percurso de cada um durante esse semestre, à luz das reflexões levantadas com o auxílio dos textos dos autores. Numa consciência de si mesmo, certamente poderemos evidenciar os ganhos que perpassam o eu, atingindo a coletividade do grupo. Já encaminhamos e-mails para a professora Renata Meira, da qual aguardamos com carinho um posicionamento. E aí, o que você acha? Comente, pontue, discorde, dê sua opinião nos comentários! : )
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