Aula Consciência Corporal trabalho de Lívia Chumbinho Profa
Renata Meira Artes Cênicas UFU fev2013
Aula
Consciência Corporal
1. Círculo
Imagem do espetáculo Sagração
da Primavera, por Pina Bausch
O círculo é uma prática constante nas atividades, encenações, montagens,
jogos e diálogos das aulas e encontros de gente de teatro e da dança. Onde
dialogamos, trabalhamos e criamos com prazer e lucidez.
O círculo estava habitando como um corpo, pulsando na nossa busca
coletiva por conhecimento: físico, corporal, espacial. A professora Renata
Meira. Fez reflexões a respeito da diferença entre alongamento e aquecimento.
Ensinando a importância de alongarmos antes e depois do aquecimento nas
práticas que buscam uma reeducação corporal, ampliando as possibilidades de
movimento, ação, gesto e criatividade.
1. Acordar-espreguiçar
Foto: Martha Graham em 1940; ela foi uma dançarina e coreógrafa
estadunidense que revolucionou a história da Dança Moderna.
A professora Renata Meira pediu para sairmos do círculo, buscar um lugar
no espaço, deitarmos no chão e soltarmos todo o peso do corpo no chão, e
lentamente, junto com o ritmo da respiração, começar a espreguiçar com
movimentos contínuos, explorando os planos e o deslocamento do corpo no espaço.
O impulso criativo intuitivo surgia dentro das imagens desordenadas que
apareciam se metamorfoseando nas poéticas dos movimentos contínuos deste modo
de acordar-espreguiçar a nossa consciência corporal. A professora pediu para finalizarmos
o movimento com calma e no ritmo natural de cada praticante. E solicitou para
ficarmos em pé.
1. Tronco
Quadro “gavetas”, por Salvador Dali
Estávamos com o corpo acordado, oxigenado, desintoxicado, aquecido. A
professora Renata Meira nos pediu para colocarmos as mãos na omoplata e
destacou: busquem uma movimentação partindo do centro do corpo. Incorporando
diferentes formas de caminhada com ênfase na respiração e no deslocamento deste
corpo no espaço, deixando os sons que emergiam do corpo fluírem livremente.
Sons e imagens que foram se transformando na medida que experimentávamos os
planos e o ritmo dentro dessa nova forma de experimentar o movimento do corpo.
Após um longo percurso nessa prática, a professora Renata Meira solicitou para
lentamente irmos soltando as mãos da omoplata, onde podemos encontrar novas
formas e sentidos para os movimentos das mãos e dos braços e do corpo como um
todo no espaço. Essa prática ampliou nossa capacidade de concentração,
imaginação e criatividade até praticamente a exaustão.
Abaixo, trecho do livro “Teatro ensino teoria e Prática - Volume 2 –“
organizado por Paulo Merisio e Vilma Campos, publicado pela Edufu em 2011 (UFU
/ Universidade Federal de Uberlândia). Capítulo “Expressões e impressões do
corpo em cena. Parte 2 - Práticas teatrais -“. Escrito por Renata Meira,
professora dessa disciplina. Acredito que nos ajudará nesta reflexão acerca da
importância da busca por uma consciência corporal ampla para fins de arte, educação
e vida.
Expressões e impressões do corpo em cena
“O primeiro elemento de expressão é o próprio corpo. Corpo que se movimenta
das extremidades em direção ao centro ou que expande em movimentos do centro
para as extremidades. Corpo formado de partes como pernas, braços, tronco,
cabeça, rosto, e víceras. Partes que assumem posições no espaço desenhando
linhas e curvas, aproximando e distanciando de outras partes do corpo, de
outros corpos (...)”
Feitas essas reflexões, vejo que alargar a nossa consciência do movimento
facilita o autoconhecimento para uma dança pessoal e ao mesmo tempo o
incorporar de personagens, arquétipos e tipos variados.
Segunda parte da aula
Quadro O corpo humano -
“As autoridades locais” por Salvador Dali
Ao voltarmos do intervalo, a professora dividiu a turma em duplas: um membro
da dupla ficava deitado no chão, relaxado e respirando com o corpo deitado de
lado e com a cabeça descansada em cima de um tijolinho macio, e o outro com as
mãos e com energia, respirando juntos. Primeiro começamos com as mãos no tronco
baixo, uma mão na pelves e a outra na costela, empurrando na diagonal para
flexibilizar, ampliar a movimentação do tronco, e assim subimos nossas mãos
para a costela e as escápulas, repetindo a mesma dinâmica de empurrar em
direções diagonais opostas. Feita essa primeira parte, fomos para a escápula e
pélvis; um bem estar tomou conta do meu corpo, sentia como se eu fosse de
porcelana e imaginava o quanto temos que ter delicadeza para trabalhar com o
corpo do outro com dedicação e cuidado. Depois revezamos as partes de quem
recebia e de quem fazia, até que todos tivessem a oportunidade de receber os
cuidados para um melhor funcionamento e flexibilidade do tronco, centro das
emoções vividas e acumuladas ao longo da vida de cada um de nós.
Por fim, a professora mostrou imagens dos estudos de Ivaldo Bertazzo,
reafirmando e dando exemplos das práticas em busca do domínio e conhecimento da
anatomia humana.
"Apesar de sermos todos regidos pela mesma constituição mecânica,
nos movimentamos de um modo muito particular. O homem tem essa capacidade de
individualizar e personalizar seus padrões de movimento, tornando-se um ser
único. Cada indivíduo forma, assim, um universo a parte, com seu desenho
corporal e sua história. Nosso corpo independe de estar vinculado a fatores
culturais e étnicos, tem a sua trajetória e sua carga histórica. E essas
características devem ser respeitadas. Pois o modo como nos postamos e
organizamos nosso corpo para o movimento é o exercício da nossa individuação,
direito conquistado por nós." Trecho de texto de Ivaldo Bertazzo em
www.metodometarzzo.com
... Eu queria crescer pra passarinho...
Trecho do livro O Diário de Bruguina do poeta
Manoel de Barros.
Manoel de Barros.
Gostei muito Lívia, postagem bastante descritiva, ao meu ver abordou todos os ocorridos da aula. Parabéns!
ResponderExcluirObrigada, Ibraim! Vejam "A Sagração da Primavera", com música de Stravinsk, dirigido pela alemã Pina Bausch. O repertório de Pina Bausch abrange muitos mundos diferentes; ternura e violência, crueldade e diverção, ingenuidade e sofisticação. Ver isso é um exercício crítico de sublimação e arte. http://youtu.be/-bp4kiW_te4
ResponderExcluir“Um dia, quando eu terminava O Pássaro de Fogo em São Petersburgo, tive uma visão fugidia num momento em que minha mente, surpreendentemente, estava ocupada com várias outras coisas. Imaginei um solene rito pagão: sábios anciãos, sentados em círculo, assistindo uma garota que dança até morrer. Eles a estão sacrificando para apaziguar o deus da primavera. Este é o tema de A Sagração da Primavera.”
ResponderExcluirIgor Stravisnk
Lívia, gostei das imagens que foram utilizadas, além das citações bibliográficas, que enriqueceram a postagem. O vídeo citado nos comentários é fantástico.
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