Inté!!!!!
“O
aprendizado é experiência e sensação. A sensação constitui a base a partir da
qual se desenvolvem conceitos e ideias.” (HANNAFORD, 1995, p.48).
É
com um esse trecho presente no texto Educação
somática: o corpo enquanto experiência de Débora Bolsanello que começo esse
relato sobre meu processo, minha experiência e sensações proporcionados pela disciplina
de consciência corporal e por mim mesma... Iniciando pelo meu começo.
Eu
sempre fui muito ansiosa, desde criança não conseguia me controlar, muitas vezes
não conseguia esperar uma surpresa e nunca consegui esperar até o dia 25 para
abrir meu presente de natal. Então, meus pais não ficaram muito surpresos
quando eu finalmente passei no vestibular e decidi entrar na universidade no
meio do terceiro ano do colegial. Foi bem difícil continuar na escola já no
curso de Teatro, mas as aulas de consciência corporal fizeram muita coisa fazer
a pena, e me fez ver a mim mesma de um jeito completamente diferente de como eu
tinha aprendido na escola; um corpo que continha ossos, tecido, músculos e de
papel, que só servia para ser desgastado. E a ansiedade de sempre, presente em
mim, ainda ficava me rodeando em todas as aulas, em alguns momentos era como se
um montasse em cima dela como aqueles touros mecânicos em uma festa junina, era
difícil voltar para o ponto de começo e colocar meu eixo e meus pensamentos no
lugar, tentar esquecer o que tinha pra fazer ou resolver lá fora. Eu digo, lá
fora mesmo, tudo que se passava dentro de mim era particularmente mais
importante naquele momento, quando eu fechava os olhos e me concentrava em mim
mesma, eu me organizava e tentava passar para o espaço tudo que era do meu
corpo (KLAUSS VIANNA), meus pensamentos e expressões em forma de movimentos e
partituras. E nesse semestre consegui dar uma acalmada em mim mesma, com ajuda
da educação somática, pois a partir dela eu conheci a Respiração como suporte do movimento (BOLSANELLO, A educação
somática e os conceitos de descondicionamento gestual, autenticidade somática e
tecnologia interna, 2011, pg. 308), coisa que me impressionou bastante durante
meu processo.
Pode
parecer estranho (e é), mas antes de consciência corporal eu não pensava muito
sobre a respiração em si, algo que todos nós sempre fizemos e sempre foi automático,
nunca precisei parar para respirar, ou pensar em respirar, mas hoje a
respiração se tornou minha maior aliada. Em aula sempre procurei usar minha
respiração para ficar mais confortável com tudo, principalmente em alguns
alongamentos, alguns exercícios que eu me limitava, ia até o meu limite,
respirava um pouco e conseguia ir um pouco mais, e no final percebi que superei
algumas dessas ‘limitações’ que eu me coloquei, usando a respiração como
suporte de movimentos (DÉBORA BOLSANELLO, 2011, pg 308). Encontrei no meu Caderno do Eu uma frase que acho
relevante: Tenho impressão que um ‘papel
filme’ divide e reveste toda a parte de cima do meu tórax; fora da minha
imaginação isso se chama ‘diafragma’, tentei reproduzir o que eu imagino, e pra
mim, é isso que acontece dentro de mim na inspiração e expiração. Consegui
‘linkar’ consciência corporal com consciência vocal, o que não é muito difícil,
por que as duas disciplinas exigem muito da respiração e da percepção ao
respirar. Acredito que meu próprio tempo de respiração seja muito importante
nesses momentos de alongamento, e também de improvisações.
Como
eu disse mais acima, foi um máximo aprender sobre o corpo sem estar sentada em
uma cadeira e pegando um esqueleto de papel. Lembro-me que em alguma das aulas,
a professora Renata Meira pediu que nós desenhássemos como nos víamos nosso
esqueleto, fiz um desenho meio desajeitado, e também escrevi no mesmo dia, uma
reflexão sobre a aula para o Caderno do
Eu, que falei sobre meu incomodo ao tentar sentar com a coluna reta e os
prazeres ao alongar minha nuca e meu pé, parte do corpo que era pouco
sensibilizada até então.
FOTO
Durante
o processo foram usados alguns objetos para a sensibilização do corpo,
bolinhas, bastões e balões d’água. Usamos as bolinhas para sensibilizar mais a
parte das costas e pés, os bastões a parte dos ísquios e púbis e os balões d’água
sensibilizaram toda a pele, eu sinto que nunca vou me cansar das bolinhas, já
comprei as minhas. O bastão foi ótimo para minha percepção dos
ísquios, agora quando sento, procuro sentir os ísquios todas as vezes que sento
e então isso organiza minha coluna e puxa meu eixo pra cima.
Em todas as aulas fazíamos improvisações em
algum momento, a professora Renata Meira sempre conduzia, fazendo fluir uma
imaginação na minha mente, usando o método
de perguntas ao corpo e criando um
caminho (KLAUSS VIANNA), como diz Ana Maria Rodriguez, esse método
consistia em levantar questões visando à observação e a escuta. Usei tudo isso
na minha cena final, na qual reproduzi imagens de partes internas e externas do
corpo humano, na sonoridade um som de respiração e um coração batendo forte,
pois nas aulas os dois ‘andavam’ juntos pra mim. E ouvindo os batimentos do meu
coração eu conseguia acalmar minha respiração, e me ajustar novamente aos
movimentos. E sempre assim eu achava um Golden
Ticket para dentro de mim sem previsão de volta.
Referências:
COSTAS, Ana Maria Rodriguez. Klauss Vianna e a expressividade como devir dramatúrgico da dança
BOLSANELLO, Débora Pereira. A educação somática e os conceitos de descondicionamento gestual
autenticidade somática e tecnologia interna
BOLSANELLO, Débora Pereira. Educação somática: o corpo enquanto experiência
Júlia, obrigado pelo compartilhamento. No início do texto achei muito engraçado quando você disse que nunca esperou o Natal para abrir seus presentes, e que sendo assim seus pais não ficaram muito surpresos quando decidiu ingressar na universidade no terceiro ano do Ensino Médio. Saudades também... ...o bom é que com o texto podemos de certa forma nos rever aqui no blog nesse período de férias. Até breve.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMuito Obrigada Alê!
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