segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Diário de Leitura- Cidadão Corpo

"Trabalhei durante cinco meses Ginástica Olímpica. Tinha como rotina, alongamentos, longas seções de exercícios localizados e exercícios nos aparelhos. Os exercícios eram realizados com a simples ideia de melhorar o condicionamento físico. Não buscava-se conhecer o corpo, afinal, tínhamos uma hora e trinta minutos de treino e não desperdiçava-se tempo com essas "bobagens", aliás, nem se falava nisso. Como um pouco de trabalho e consciência corporal, agora longe da G.O, percebo que o trabalho que fiz foi parcialmente desperdiçado, pois eu simplesmente tinha em mente a idéia de que aquelas horas de exercício serviriam para benefícios estéticos e para minha saúde."
Conscientizar-se do nosso poder de organização de movimentos, músculos, ossos e pele, juntos para nos fornecer referências de espaço e tempo, valorizar o nosso aparelho locomotor deve ser um trabalho cotidiano. Forçar uma pessoa à prática de exercícios como acima, em meu relato, bloqueia nossas "bases sensoriais", o indivíduo passa a praticá-los mecanicamente. E o prazer em trabalhar o corpo? A sensação de equilíbrio, de harmonia, de conhecimento, de visão interior, de percepção, onde tudo isso fica?
Nunca pensei que em meu corpo, dispusesse de um "piloto automático". Terá esse piloto se desenvolvido a partir da evolução do homem? Acredito que o homem, inserido em seu meio natural, longe de toda essa modernização, lá em nossos tempos remotos, utilizava e valorizava seus sentidos. Para caçar, o homem trabalhava audição, olfato, seus movimentos. Nada podia ser em vão. Não sei se me precipitei ao mencionar isso, fica aí um pensamento escrito.
O aparelho locomotor humano é complexo e rico em movimentos que não cessam. Acredito não sermos capazes de executar muitos de nossos movimentos num simples trabalho de reprodução destes em determinadas ocasiões. A verticalidade proporciona ao homem essa variedade de movimentos que não devem passar despercebidos nem serem desperdiçados, como fazemos todos os dias, devemos usá-la em nosso favor, como enriquecimento enquanto seres. Não gosto do termo "o homem, ser mais desenvolvido dentre os outros seres".
O corpo é a personalidade do indivíduo, seus pensamentos e memórias. Valorizá-lo é valorizar a propria vida, a construção uma história. O corpo torna um instrumento sagrado para o ator. Nele está contida e registrada toda sua trajetória.
A grande questão é: Como e por que parte dos movimentos passam despercebidos? Melhoraríamos e muito a qualidade de nossas vidas se mudássemos de posição.

Um comentário:

  1. Uma citação apresenta uma situação concreta de "atividade física" (ojetivando benefícios estéticos e postura). Est situação é referência para reflexões do texto lido. Não fica claro quem está sendo citado, se Priscilla, se Bertazzo ou outro autor subjacente.

    Destaca duas idéias:
    1. o trabalho cotidiano do aparelho locomotor.
    2. o processo de mecanização de movimentos. (eu, Renata, penso em "desconscientização").

    Faz uma questão: O mecanismo "piloto automático" para o movimento terá se desenvolvido com a evolução humana?
    Levanta uma hipótese: Os sentidos primeiros do ser humano eram valorizados e desenvolvidos, mas não permacem fora do "meio natural" e no mundo moderno.

    "não gosto do termo 'o homem, ser mais desenvolvido dentre os outros seres'". esta frase sinaliza um posicionamento ideológico que precisa se apropriar de conceitos para ser explicado.

    A grande questão: Como e por que parte dos movimentos passam despercebidos?

    uma hipótese: "melhoraríamos muito a qualidade de nossas vidas se mudássemos de posição".

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