segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Aula Consciência Corporal trabalho de Lívia Chumbinho Profa Renata Meira Artes Cênicas UFU fev2013

Aula

 

Consciência Corporal

1.     Círculo

 

Imagem do espetáculo Sagração da Primavera, por Pina Bausch

O círculo é uma prática constante nas atividades, encenações, montagens, jogos e diálogos das aulas e encontros de gente de teatro e da dança. Onde dialogamos, trabalhamos e criamos com prazer e lucidez.

O círculo estava habitando como um corpo, pulsando na nossa busca coletiva por conhecimento: físico, corporal, espacial. A professora Renata Meira. Fez reflexões a respeito da diferença entre alongamento e aquecimento. Ensinando a importância de alongarmos antes e depois do aquecimento nas práticas que buscam uma reeducação corporal, ampliando as possibilidades de movimento, ação, gesto e criatividade.

1.     Acordar-espreguiçar
 

Foto: Martha Graham em 1940; ela foi uma dançarina e coreógrafa estadunidense que revolucionou a história da Dança Moderna.
 
A professora Renata Meira pediu para sairmos do círculo, buscar um lugar no espaço, deitarmos no chão e soltarmos todo o peso do corpo no chão, e lentamente, junto com o ritmo da respiração, começar a espreguiçar com movimentos contínuos, explorando os planos e o deslocamento do corpo no espaço. O impulso criativo intuitivo surgia dentro das imagens desordenadas que apareciam se metamorfoseando nas poéticas dos movimentos contínuos deste modo de acordar-espreguiçar a nossa consciência corporal. A professora pediu para finalizarmos o movimento com calma e no ritmo natural de cada praticante. E solicitou para ficarmos em pé.
 
1.     Tronco
 
             Quadro “gavetas”, por Salvador Dali
 
 
Estávamos com o corpo acordado, oxigenado, desintoxicado, aquecido. A professora Renata Meira nos pediu para colocarmos as mãos na omoplata e destacou: busquem uma movimentação partindo do centro do corpo. Incorporando diferentes formas de caminhada com ênfase na respiração e no deslocamento deste corpo no espaço, deixando os sons que emergiam do corpo fluírem livremente. Sons e imagens que foram se transformando na medida que experimentávamos os planos e o ritmo dentro dessa nova forma de experimentar o movimento do corpo. Após um longo percurso nessa prática, a professora Renata Meira solicitou para lentamente irmos soltando as mãos da omoplata, onde podemos encontrar novas formas e sentidos para os movimentos das mãos e dos braços e do corpo como um todo no espaço. Essa prática ampliou nossa capacidade de concentração, imaginação e criatividade até praticamente a exaustão.
Abaixo, trecho do livro “Teatro ensino teoria e Prática - Volume 2 –“ organizado por Paulo Merisio e Vilma Campos, publicado pela Edufu em 2011 (UFU / Universidade Federal de Uberlândia). Capítulo “Expressões e impressões do corpo em cena. Parte 2 - Práticas teatrais -“. Escrito por Renata Meira, professora dessa disciplina. Acredito que nos ajudará nesta reflexão acerca da importância da busca por uma consciência corporal ampla para fins de arte, educação e vida.
Expressões e impressões do corpo em cena
 
“O primeiro elemento de expressão é o próprio corpo. Corpo que se movimenta das extremidades em direção ao centro ou que expande em movimentos do centro para as extremidades. Corpo formado de partes como pernas, braços, tronco, cabeça, rosto, e víceras. Partes que assumem posições no espaço desenhando linhas e curvas, aproximando e distanciando de outras partes do corpo, de outros corpos (...)”
 
Feitas essas reflexões, vejo que alargar a nossa consciência do movimento facilita o autoconhecimento para uma dança pessoal e ao mesmo tempo o incorporar de personagens, arquétipos e tipos variados.
 
Segunda parte da aula
Quadro O corpo humano -  “As autoridades locais” por Salvador Dali
 
Ao voltarmos do intervalo, a professora dividiu a turma em duplas: um membro da dupla ficava deitado no chão, relaxado e respirando com o corpo deitado de lado e com a cabeça descansada em cima de um tijolinho macio, e o outro com as mãos e com energia, respirando juntos. Primeiro começamos com as mãos no tronco baixo, uma mão na pelves e a outra na costela, empurrando na diagonal para flexibilizar, ampliar a movimentação do tronco, e assim subimos nossas mãos para a costela e as escápulas, repetindo a mesma dinâmica de empurrar em direções diagonais opostas. Feita essa primeira parte, fomos para a escápula e pélvis; um bem estar tomou conta do meu corpo, sentia como se eu fosse de porcelana e imaginava o quanto temos que ter delicadeza para trabalhar com o corpo do outro com dedicação e cuidado. Depois revezamos as partes de quem recebia e de quem fazia, até que todos tivessem a oportunidade de receber os cuidados para um melhor funcionamento e flexibilidade do tronco, centro das emoções vividas e acumuladas ao longo da vida de cada um de nós.
Por fim, a professora mostrou imagens dos estudos de Ivaldo Bertazzo, reafirmando e dando exemplos das práticas em busca do domínio e conhecimento da anatomia humana.
"Apesar de sermos todos regidos pela mesma constituição mecânica, nos movimentamos de um modo muito particular. O homem tem essa capacidade de individualizar e personalizar seus padrões de movimento, tornando-se um ser único. Cada indivíduo forma, assim, um universo a parte, com seu desenho corporal e sua história. Nosso corpo independe de estar vinculado a fatores culturais e étnicos, tem a sua trajetória e sua carga histórica. E essas características devem ser respeitadas. Pois o modo como nos postamos e organizamos nosso corpo para o movimento é o exercício da nossa individuação, direito conquistado por nós." Trecho de texto de Ivaldo Bertazzo em www.metodometarzzo.com
 
 
... Eu queria crescer pra passarinho... 
Trecho do livro O Diário de Bruguina do poeta
 Manoel de Barros.
 
"Tenho sincero respeito por aqueles
artistas que dedicam suas vidas
exclusivamente à sua arte - é seu direito ou condição! - Mas prefiro aqueles que dedicam sua arte à vida."
(Augusto Boal*)

* para Augusto Boal, o importante é re-situar o indivíduo em seu entorno, apontando novas perspectivas de relações de poder.
Avante com nossas bandeiras poéticas!
Lívia Chumbinho.
 
 

 
 
 
 
 
 

4 comentários:

  1. Gostei muito Lívia, postagem bastante descritiva, ao meu ver abordou todos os ocorridos da aula. Parabéns!

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  2. Obrigada, Ibraim! Vejam "A Sagração da Primavera", com música de Stravinsk, dirigido pela alemã Pina Bausch. O repertório de Pina Bausch abrange muitos mundos diferentes; ternura e violência, crueldade e diverção, ingenuidade e sofisticação. Ver isso é um exercício crítico de sublimação e arte. http://youtu.be/-bp4kiW_te4

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  3. “Um dia, quando eu terminava O Pássaro de Fogo em São Petersburgo, tive uma visão fugidia num momento em que minha mente, surpreendentemente, estava ocupada com várias outras coisas. Imaginei um solene rito pagão: sábios anciãos, sentados em círculo, assistindo uma garota que dança até morrer. Eles a estão sacrificando para apaziguar o deus da primavera. Este é o tema de A Sagração da Primavera.”

    Igor Stravisnk

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  4. Lívia, gostei das imagens que foram utilizadas, além das citações bibliográficas, que enriqueceram a postagem. O vídeo citado nos comentários é fantástico.

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