sábado, 23 de fevereiro de 2013

Alongamento e Flexibilidade


COMPONENTES QUE INTERFEREM NA FLEXIBILIDADE

As estruturas que interferem na flexibilidade são: óssea, musculo, tendão, ligamento e capsula articular.
As fáscias que envolvem as fibras musculares: endomísio, perimísio, epmísio, conferem resistência durante os exercícios de alongamento.
No estudo de Cumming (1984) Os fatores limitantes da flexibilidade residem no comprimento dos músculos, um exercício que produz alongamento dos músculos resultará em aumento da flexibilidade. Então como os tendões tem mais colágeno que os ligamentos e, por sua vez, estes mais que os músculos, é coerente acreditar que os componentes de sustentação, resistem mais a deformação, mas não se pode delimitar, afirmando que só se usam músculos ou ligamentos. É claro que se a tensão for muito baixa não afetará plasticamente, os ligamentos e tendões.

TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES
Basicamente existem três tipos de fibras musculares. As fibras vermelhas tipo I e as fibras brancas tipo II A e II B.
As fibras vermelhas contêm características lentas, são resistentes à fadiga, localizam-se mais profundamente, no sistema e tendem ao encurtamento.
A concentração de colágeno é maior nas fibras vermelhas. Músculos com maior concentração de fibras vermelhas são localizados mais profundamente e possuem alta resistência, baixa deformação e permitem sustentar uma postura estática por um tempo maior que os músculos de fibra branca.
Músculos de fibras brancas são mais superficiais por conta de sua grande elasticidade facilitam a velocidade de contração.
As fibras brancas tipo IIA são rápidas e possuem pouca resistência à fadiga. As fibras brancas tipo IIB desenvolve maior força de contração e se fadiga mais rapidamente.
A distribuição das fibras varia entre os grupos musculares de acordo com a função postural (tipo I) e movimentos rápidos (tipo II).
Inicialmente, as moléculas de colágeno são desorientadas e cedem melhor ao exercício de alongamento com o aumento de tensão muscular. O colágeno orienta-se e reforça as moléculas, tornando menor a deformação do tecido (Józsa & Kannus, 1997).
Com o envelhecimento o tecido colágeno tem seu tamanho e diâmetro reduzido e aliado o desuso, as fibras colágenas tornam-se mais orientadas, reforçando o numero de ligações intra e intermolecular, dificultando o deslizamento das proteínas.
Dessa forma ocorre redução da capacidade elástica das fibras para sustentar o exercício de alongamento e torna o tecido mais suscetível a lesões.
O exercício de alongamento estático entre fraca e moderada tensão afasta as ligações das moléculas de colágeno, provocando a deformação dos tecidos e assim, desenvolve a flexibilidade.

COLÁGENO
O componente estrutural de todo tecido conjuntivo é determinado pela fibra colágeno.
As características mais importantes da proteína de colágeno são:
  • Muita e pouca extensibilidade, conforme observado nas reforçadas estruturas dos tendões dos ligamentos.
Os aminoácidos hidroxiprolina e prolina mantém o feixe de colágeno mais resistente ao alongamento.

TENDÃO
O tendão conecta o musculo ao osso; por isso, é dito que está em série com a fibra muscular.
O tendão é formado por fibra colágeno tipo 1 e 3.
O tecido elástico do tendão tem por função conservar a energia para manter o tônus durante o relaxamento e provê a defesa contra a força excessiva ajudando a restaurar a tensão normal.
O tendão não deve ser muito rígido , perdendo todas as suas características elásticas, nem muito maleável, deformando excessivamente os componentes plásticos.

LIGAMENTOS
Limita o excesso de movimento e fornece feedback sobre a posição articular.
As fibras elásticas do ligamento permitem o movimento articular normal. A capacidade do ligamento promover estabilidade articular é limitada e depende grandemente da geometria articular da superfície articular e do local da inserção (Baratta, 1986).
Tanto o exercício de alongamento com forte tensão muscular pelo método passivo como o alongamento intenso pelo método ativo, pode causar rompimento parcial ou total de suas fibras. Igualmente, o mal posicionamento nos exercícios de alongamento estático pode desalinhar a orientação de dois ossos, tornando instável a articulação.

CÁPSULA ARTICULAR
A cápsula articular é resistente aos exercícios de força e de alongamento e sofre adaptação proveniente do treinamento.
Exercícios de alongamento forçado podem ocasionar luxações na articulação.
No entanto, em movimentos com excesso de amplitude músculo-articular, como ocorre em alguns exercícios de alongamento com forte tensionamento os componentes de colágeno da cápsula articular podem ceder.

CARACTERISITCAS MECÂNICAS DO TECIDO CONJUNTIVO
A força compressiva no tecido corporal produz a contração e a força tensiva produz alongamento. Um corpo aumenta seu comprimento em aplicação de uma tensão. O retorno do tecido a seu tamanho original, após a remoção da força aplicada, denomina-se comportamento elástico.
Se há intenção de ocasionar deformação no tecido a longo prazo, a força aplicada deve superar ligeiramente o limite elástico, alcançando a plasticidade do tecido, onde a deformação é permanente ou, pelo menos, prolongada.
No sarcômero muito curto o potencial máximo de força é reduzido devido à sobreposição dos filamentos de actina e de miosina.
No sarcômero muito longo o potencial máximo de força também é reduzido, pois a actina ativa está além do alcance da ponte cruzada (Hunter, 1994).
No músculo alongado sob tensão, os miofilamentos deslizam e a energia elástica é armazenada na ponte cruzada nos filamentos de actina e miosina. Portanto, no alongamento muito acentuado perde-se a força do movimento, por impossibilitar-se a sobreposição dos filamentos de actina e da miosina, (Schimidt, 1979).
Exercícios de alongamento feitos rapidamente causa o reflexo de alongamento por meio do sistema aferente dos fusos musculares, podendo aumentar a força na contração concêntrica (Bosco et al., 1981).
A soma da velocidade do encurtamento do elemento  contrátil, mais a velocidade do encurtamento elástico em série são decisivas no movimento concêntrico pós fase de contração excêntrica.
Recomenda-se alongar as regiões com encurtamento muscular, para maximizar o potencial atlético.

PROPRIOCEPTIVOS MUSCULARES
Os proprioceptivos musculares têm por função informar ao sistema nervoso central as alterações na extensão e da contração muscular e na percepção da posição corporal.
 

FUSO MUSCULAR
Os fusos musculares têm a função de controlar a alteração na velocidade e extensão muscular.

INERVAÇÃO DO FUSO MUSCULAR
Os fusos musculares têm dois tipos de aferências, denominados terminal primário e terminal secundário.
Uma das diferenças de resposta ao alongamento entre o terminal primário e o secundário é que o primeiro responde ao estimulo rápido e lento, sendo o estimulo rápido dado pela velocidade de alongamento do musculo e o estimulo lento pelo declínio na frequência a uma nova extensão do musculo. O terminal secundário responde só à extensão  uscular.
O estimulo lento ocorre constantemente nos músculos responsáveis pelo controle postural. Os músculos posturais antagônicos à tração da gravidade são estendidos. Por isso, os fusos musculares são também estendidos. Impulsos sensitivos (aferentes) são evocados, e o musculo se contrai, de forma que a tração da gravidade é contrabalanceada, (Jami, 1992).
O estimulo rápido é bem citado no exemplo clássico do alongamento reflexo do tensão patelar, quando no tendão patelar é dado uma ligeira batida com o martelo de borracha. O impacto súbito sobre o tendão provoca o alongamento do quadríceps, que por sua vez, estende os fusos musculares e envia sinais para a medula espinhal. Logo após, o sinal reflexo volta ao musculo quadríceps, produzindo sua contração.
Os fusos musculares reagem rapidamente em resposta ao alongamento para amortecer uma extensibilidade abrupta, protegendo a ruptura do tecido muscular.
No musculo alongado rapidamente, a contração resultante é maior do que no musculo alongado lentamente.
O tempo de permanência no alongamento estático permite afrouxar o terminal primário do fuso muscular e diminui a atividade dos receptores de alongamento, o que é dado pela adaptação do fuso muscular. Daí a recomendação de desenvolver a flexibilidade com exercícios de alongamento estático.

FUSO TENDINOSO DE GOLGI
Durante a contração muscular, o fuso tendíneo descarrega um impulso nervoso capaz de inibir a contração muscular e provoca o relaxamento do musculo.
Devido a isso, o fuso tendinoso de golgi é um sistema aferente inibitório enquanto o fuso muscular é excitatório.
O exercício de alongamento com forte tensão muscular pode ativar o fuso tendíneo e pode originar o relaxamento muscular. Esta resposta é chamada de reflexo de alongamento inverso ou inibição autogênica. Isto é percebido depois de determinado tempo em alongamento. Diminuindo a tensão o musculo pode ser alongado um pouco mais.

Um comentário:

  1. Essa parte "técnica" é um pouco mais complicado hehe
    Algumas coisas não compreendi muito bem devido a complexidade, mas outras consegui até imaginar,
    na "Inervação do fuso muscular" até imaginei e o professor Élder demonstrou pra turma.

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