Renata Meira (org.) e estudantes de Artes Cênicas da Universidade de Évora. Espaço de socialização de atividades, referências e reflexões de disciplinas de estudos do corpo em cursos de Artes Cênicas no Ensino Superior. Em 2019 está sendo realizada a disciplina Teatro Físico na Universidade de Évora. Este blog divulga as atividades das disciplinas de corpo do Curso de Teatro do Instituto de Artes da Universidade Federal de Uberlândia desde 2007.
sábado, 25 de janeiro de 2014
Aula do dia 21 de Janeiro de 2014
Iniciamos a aula com a leitura e ponderação dos dois últimos Cadernos do Nós, das alunas Sara e Tamara, respectivamente. Durante a leitura do texto da Sara, o professor levantou uma questão sobre uma frase que ela citara: "não existe natureza humana, existe cultura humana". A frase nos fez retomar a ideia de que os aspectos culturais da sociedade, a qual estamos vinculados, nos ditam comportamentos específicos, tanto pisco-emocionais como físicos. Nesse momento o professor indicou dois livros: "Cultura - Um Conceito Antropológico" de Roque de Barros Laraia e "Sociologia e antropologia" de Marcel Mauss. Ambos abordando a influencia direta e indireta da cultura nas ideias que se refletem nos corpos.
Em seguida, lemos também a versão do Caderno do Nós escrito pela Tamara, onde a única observação foi feita pelas alunas Giovanna e Sara, questionando momentos da aula que Tamara supostamente teria esquecido de mencionar. O que, na verdade, revelou-se um equívoco que as próprias alunas reconheceram __ Não farás o santo barraco em vão!
A aula concentrou-se na consciência do funcionamento da relação quadril- coluna-bacia. Todos os alongamentos, aquecimentos e exercícios foram ministrados em função do reconhecimento e controle dessa região. Começamos deitando no chão e levamos a nossa percepção para a coluna. "Qual parte da coluna toca no chão, qual não toca?" Passamos para os alongamentos que surpreenderam a grande maioria da turma, pois além das já costumeiras (nem por isso fáceis) extensões, contrações e torções, fomos "convidados" a ultrapassar, ainda que de forma sensata, os nossos limites físicos. Foi sinônimo de espanto quando o professor nos disse " Agora vocês podem subir para a ponte". Claro que muitos de nós tivemos dificuldades, afinal não estamos acostumados a tratar o nosso corpo com tamanha audácia (acompanhada de lucidez).
Fonte: Google Imagens
Após passarmos pelos tortuosos alongamentos, fomos orientados a nos levantar, transpondo pelos diferentes níveis, buscando apoio e sustentação para a região do quadril. Os movimentos deveriam ter um fluxo, uma continuidade e eram baseados nos próprios alongamentos que tínhamos acabado de concluir. Quando finalmente ficamos de pé, eis que passamos a fazer o "exercício característico de atividades teatrais": andar pelo espaço! Ao caminharmos, buscávamos o olhar dos colegas e nos deixávamos interagir pelos mesmos, até que em determinado instante (de forma orgânica) escolhíamos uma pessoa para abraçar. Abraçamo-nos!
Fonte: Google Imagens
Ainda de forma orgânica um indivíduo de cada dupla apoiou as mãos no quadril do colega, orientando e discernindo os movimentos oriundos da região trabalhada. Enquanto o indivíduo que se movia e se deixava mover deslocava-se no espaço, o outro explorava a região e poderia tocar nas cristas ilíacas, espinha ilíaca, pélvis, e ísquios, o que gerou, no final da aula outra discussão do papel antropológico que a região pélvica exerce.
Imagem: Paint
Continuamos a explorar os movimentos do quadril, agora individualmente, como se quiséssemos desenhar o símbolo do infinito com o mesmo. Hora fazíamos movimentos grandes, hora pequenos, hora contínuos, hora com quebra de velocidade a fim de explorar as potencialidades dessa área que de acordo com a aluna Sara é "mágica". Deslocamos pelo espaço, ainda movimentando a região, mas agora trabalhando a ideia de abertura e fechamento da bacia, arriscando também, o limite do nosso equilíbrio a partir do nosso centro gravitacional.
Partimos então para o momento mais esperado da aula: a parte teórica! Em roda discutimos sobre os exercícios que fizemos, nossas facilidade e limitações. Como já mencionado, discutimos também o quão a região do quadril e da pélvis fala sobre o nosso comportamento social. Levantamos a questão sobre o tempo de pesquisa no corpo e como é possível aumentar o vocabulário físico, como conversar com o corpo. Findamos a aula com os esclarecimentos a respeito das avaliações finais, a descrição e a apresentação dos processos individuais. Voltamos para casa com dúvidas necessárias, compreensões novas, suores inovadores e dores inquestionáveis.
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